O Restaurante que seleccionámos para esta noite de baco localiza-se numa
cidade reconhecida pela sua gastronomia tradicional e rica, reflexo das
vivências do um povo forjado pela lavoura e dignificado pela sua história.
Almeirim é reconhecida por ser uma terra onde se come bem e onde a agricultura
e viticultura foram abençoadas pela natureza, que melhor local para continuar o
nosso roteiro gastronómico e bacante?
Lisboa à Noite
Os originais arcos Pombalinos, que foram mantidos durante a transformação do edifício, são apenas alguns dos pormenores que fazem deste restaurante um local único.
O anfitrião da noite foi o Sr. Vítor Castro (quem melhore que ele?) que com boa disposição nos conduziu durante esta magnífica e inesquecível noite.
Preludio: Soalheiro Espumante Alvarinho 2008
O jantar soube fazer-se esperar com um aperitivo de luxo, um espumante da região dos vinhos verdes, mas não um qualquer. Um “ Soalheiro” Alvarinho, vinificado pelo método clássico, que revelou uma grande frescura e mineralidade aliada a uma bolha muito fina que o torna particularmente gastronómico. Para provar este facto aliámos esta bebida de tonalidade citrina a um dueto de Biqueirões com anchovas, sobre pão tostado com azeitonas negras e folhas de rúcola! Uma delícia! O toque iodado e salgado do peixe com a nota oxidada da azeitona casou-se harmoniosamente com este vinho verde espumante.
Introdução
Para continuar iniciámos a nossa prova comparativa sobre o tema um grande vinho Português versus um grande vinho estrangeiro. Seleccionamos duas referências sonantes, um tinto DOC Ribatejo colheita 2003 contra um Côtes du Rhone AOC Chateauneuf du pâpe colheita 2004. Um duelo que infelizmente não chegou a acontecer! Sorte a nossa o nosso Ribatejano fetiche revelou um defeito indelével!Decepcionados tivemos de o substituir com a ajuda preciosa do nosso anfitrião o Sr. Vitor de Castro que seleccionou para a prova outro tinto do Ribatejo; o Lagoalva Syrah Grande Escolha de 2008.
Ao Lagoalva Grande Escolha Syrah 2008 juntou-se um prato de cordeiro de leite no forno, com grelos e arroz, bem à portuguesa! De aroma bem vincado este prato não se deixou recobrir pela força do vinho e os dois fundiram-se numa combinação muito feliz.
Primeiro capitulo: Côte du Rhone Châteauneuf du Pape Domaine de Beaurenard 2004.
Este vinho, de uma casa de renome da região do vale do Rodano, revelou um bouquet muito ao estilo da AOC Châteauneuf du Papes. Um nariz muito intenso inicialmente com aromas de fruta de baga preta acompanhado pelas notas de cacau tão patentes neste lote que contém cerca de 13 castas em que a Grenache e a Syrah dominam. Com algum arejamento o vinho revela algumas notas de envelhecimento, ameixa seca e notas de acidez volátil (balsâmicas). Em boca revelou-se algo contido no palato, faltando alguma frescura, mas com garra. O tanino, ainda bem presente, é de qualidade e aveludando a boca na sua integralidade. Um vinho que exige comida. O sabor é agradável e relembra fruta sobremadura que evolui para açúcar mascavado e notas retronasais de alcaçuz.
O nectar acompanhou com brio um prato de vitela dos lameiros de Barroso, confeccionada na perfeição, suculenta e com muito sabor. Perfeito para acompanhar os sabores maduros do vinho. Esta peça de carne superior foi acompanhada com umas migas de broa de milho com grelos e um molho de balsâmico e miscáros. Um prato do nosso terroir elaborado com classe e distinção.
Como não poderia deixar de ser falámos muito, muito, sobre vinhos. A partilha de conhecimentos e experiências à volta desta matéria foi sempre uma constante.
Terceiro capitulo: Moscatel Roxo Bacalhôa 2000
A sobremesa, farófias com canela, foi sublimada pelo vinho licoroso que nos foi oferecido, um belíssimo moscatel roxo. Intensamente floral inicialmente o nariz deste vinho evolui da rosa para notas cítricas intensas de laranja cristalizada. A boca é fabulosa, de uma voluptuosidade intensa sem deixar de ser fresco e elegante. Apresenta uma acidez vincada e longa em boca. Em retronasal sentimos uma nota de qualidade única, o “vinagrinho”, que lhe confere uma complexidade superior na prova.
do espírito do restaurante, acompanhada por um belo Moscatel Roxo. Pode bem dizer-se que terminámos com chave de Ouro.
A sobremesa, farófias com canela, foi sublimada pelo vinho licoroso que nos foi oferecido, um belíssimo moscatel roxo. Intensamente floral inicialmente o nariz deste vinho evolui da rosa para notas cítricas intensas de laranja cristalizada. A boca é fabulosa, de uma voluptuosidade intensa sem deixar de ser fresco e elegante. Apresenta uma acidez vincada e longa em boca. Em retronasal sentimos uma nota de qualidade única, o “vinagrinho”, que lhe confere uma complexidade superior na prova.
do espírito do restaurante, acompanhada por um belo Moscatel Roxo. Pode bem dizer-se que terminámos com chave de Ouro.
A visita à cave foi uma surpresa total e um dos momentos altos da noite. Não imaginávamos a quantidade e qualidade das referências que esta encerra.
O gesto demonstra bem o entusiasmo...
Reflexão final.
Nesta Noite de Baco recebemos uma verdadeira lição de gastronomia portuguesa. Os pratos que provámos eram de uma qualidade fora de série. Elaborados com elegância e apresentação cuidada mas nunca deixando de representar a nossa tradição culinária.
Em relação ao duelo entre vinhos assumimos que o tiro nos saiu pela culatra, tendo o nosso sido desclassificado, o que nos levou a cancelar a prova pretendida. O vinho do Tejo, o tal de substituição, sendo de um ano bem mais recente que o vinho de Châteauneuf-du-Pape tornou as comparações difíceis. Embora tenha demonstrado uma rusticidade superior ao vinho do Vale do Rodano apresenta um preço muito inferior. Os dois vinhos elevaram-nos a um “grau de felicidade à mesa” muito semelhante e temos por isso de considerar um empate técnico, embora com uma menção de honra para o Vinho do Tejo pelo seu preço muito mais contido!
As iguarias estiveram à altura do vinhos seleccionados. Graças a interpretação aguçada do escanção, deleitámos-nos com estas combinações, prova que se consegue ser muito feliz, em Lisboa, à Noite.
Nesta Noite de Baco recebemos uma verdadeira lição de gastronomia portuguesa. Os pratos que provámos eram de uma qualidade fora de série. Elaborados com elegância e apresentação cuidada mas nunca deixando de representar a nossa tradição culinária.
Em relação ao duelo entre vinhos assumimos que o tiro nos saiu pela culatra, tendo o nosso sido desclassificado, o que nos levou a cancelar a prova pretendida. O vinho do Tejo, o tal de substituição, sendo de um ano bem mais recente que o vinho de Châteauneuf-du-Pape tornou as comparações difíceis. Embora tenha demonstrado uma rusticidade superior ao vinho do Vale do Rodano apresenta um preço muito inferior. Os dois vinhos elevaram-nos a um “grau de felicidade à mesa” muito semelhante e temos por isso de considerar um empate técnico, embora com uma menção de honra para o Vinho do Tejo pelo seu preço muito mais contido!
As iguarias estiveram à altura do vinhos seleccionados. Graças a interpretação aguçada do escanção, deleitámos-nos com estas combinações, prova que se consegue ser muito feliz, em Lisboa, à Noite.
Fotografia: Rafael Martins Textos: David Ferreira
Subscrever:
Mensagens (Atom)